Sem histórico de terrorismo, Brasil será teste nas Olimpíadas

A diversidade cultural, a extensa área territorial e a tradição de ser um país amigável são qualidades que transformaram o Brasil num país ainda mais vulnerável a possíveis ameaças de ataques terroristas. Sem registros de atentados, o país nunca investiu ou se empenhou em formar um time de inteligência realmente forte para conter a ameaça real com a vinda de delegações do mundo inteiro para competir nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro. Em contrapartida, ao menos 100 pessoas suspeitas de terrorismo estarão sob monitoramento constante durante as Olimpíadas.

Somada aos problemas que o país já enfrenta, a tradição do país intensificou os riscos de ataques. Isso porque o empenho do governo em trabalhar para o sucesso no megaevento não correspondeu. A poucos dias do mundial, ainda há pendências que precisam ser finalizadas. Na última quarta-feira, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, anunciou que só na próxima semana uma autoridade do Comitê Olímpico com poder decisório se reunirá com os ministros para os últimos ajustes.

Aliado aos impasses cotidianos como a criminalidade em alta, a falta de infraestrutura e o transporte público ineficiente, o Brasil enfrenta imbróglios pontuais (leia quadro): faz fronteira seca com 10 países — e o controle nessas áreas é ruim, o que possibilita entrada de armamento pesado e de drogas. “É muito difícil patrulhar uma fronteira com 10 países, e por aí entram drogas, armas”, reforçou o especialista em segurança pública e relações internacionais Pedro Rafael Azevedo.

Há pouco mais de 20 dias, a companhia aérea Avianca disparou um boletim interno alertando para a possível fuga de um terrorista sírio para o Brasil. Ex-presidiário de Guantánamo acolhido no Uruguai como refugiado, Jihad Ahmad Diyab, 34 anos, estaria em solo brasileiro. A Polícia Federal evitou comentar o assunto. Porém, o anúncio da companhia aérea reforça a tese de que as portas de entrada no país estão vulneráveis, por terra, pelo ar e pelo oceano.

O Brasil enfrenta também problemas como a falta de recursos financeiros para ampliar a estrutura humana e tecnológica. “As políticas em segurança pública não são prioridade e não são levadas a sério. Faltam, por exemplo, políticas para barrar os altos índices de homicídios. Se fosse (prioridade) não teríamos uma enxurrada de armas e drogas entrando no país”, criticou o doutor em Segurança Internacional e professor na University of Central Florida (EUA) Marcos Degaut.


(Correio Braziliense)

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