Espécie de pterossauro de 110 milhões de anos é descoberta no Ceará
                                         Mandíbula de Aymberedacty-lus cearenses foi descoberta no Ceará

Pesquisadores do Museu Nacional vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) descobriram uma nova espécie de pterossauro, que recebeu o nome de Aymberedactylus cearensis. A novidade foi publicada no periódico PLOS, após análise do fóssil de uma mandíbula do animal, coletado quase intacto na Chapada do Araripe (CE).

Os pterossauros foram répteis voadores que viveram no mesmo período que os dinossauros eles têm ancestrais em comum e são parentes próximos, mas de linhagens evolutivas diferentes. O material foi doado por um paleontólogo ao museu e ao estudá-lo notamos que se tratava de um novo pterossauro que viveu durante o período Cretáceo, a mais ou menos 110 milhões de anos.

A mandíbula está quase completa, mas perdeu parte da crista, característica do pterossauros. "Todos possuíam uma crista, como uma crista de galinha, mas era óssea e ficava ligada a mandíbula", explica o especialista. Os pesquisadores ainda debatem sobre a real função do osso --não há um consenso, mas uma das hipóteses é que ele era usado para o cortejo entre machos e fêmeas.

Entre os pterossauros existia o grupo dos tapejaríneos, ao qual o Aymberedactylus cearensis pertencia. Inclusive, segundo Pêgas, os primeiros tapajaríneos foram descobertos no Brasil, que é um território relativamente rico em descobertas de pterossauros. "Em nosso país já foram encontrados mais de 30 psterossauros, e a maioria no Ceará. Entre essas descobertas estão os primeiros tapejaríneos. E, para se ter uma ideia, das dez espécies da subfamília registradas pelo mundo, cinco foram encontradas aqui", conta.

Outros animais da subfamília também já foram encontrados em países como China, Espanha e Marrocos. Além da crista, os animais tinham em comum a ausência dos dentes, que provavelmente perderam durante a evolução, como aconteceu com as aves. "O bacana da descoberta do Aymberedactylus cearensis é que notamos que a espécie é primitiva e ainda não conta com uma anatomia especializada que espécies mais recentes tinham. Com isso conseguimos estudar a morfologia única do grupo e descobrir quais mudanças e adaptações aconteceram", diz Pêgas.

Uma mudança marcante foi encontrada, claramente, na mandíbula. Os pterossauros da subfamília tapejaríneos que viveram depois da espécie recentemente encontrada tinham a mandíbula curva e curta, formato que sugere uma alimentação rica em frutas. Já a Aymberedactylus cearensis, mais primitiva, contava com uma mandíbula com curva suave e mais cumprida, ainda não especializada e "adaptada" para um animal frugívoro.

O estudo, que também teve a participação de Alexander Kellner, do Museus Nacional, e Maria Eduarda Leal, da Universidade Federal do Ceará, não conta com uma reconstrução da nova espécie descoberta em vida, uma vez que não foi possível certificar como era o crânio do animal. Porém, já se conhece a estrutura de alguns outros tapejaríneos, como o Tupandactylus, também encontrado no Ceará e o animal com a maior crista craniada conhecida.

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