Repressão não funciona e milhares vão às ruas contra governo Temer
Milhares de pessoas foram às ruas na noite desta terça-feira 6 de setembro pedir Fora Temer em capitais do Sul do País.
É mais uma demonstração de que a campanha pela derrubada do presidente golpista e impostor se mantém forte.
As manifestações começaram a pipocar espontaneamente na noite do impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
No domingo, 100 mil pessoas marcharam em São Paulo — na estimativa dos organizadores.
O frio não desanimou os curitibanos, que marcharam da Praça 19 de Dezembro até a Boca Maldita. O blog do Esmael estimou em 15 mil pessoas. Houve apenas um incidente: a prisão de um jovem durante o ato mobilizou manifestantes, que foram reprimidos pela PM com gás de pimenta.
Em Porto Alegre, apesar da chuva fina, houve outra manifestação organizada pela Frente de Luta Contra o Golpe, que usa um símbolo da Globo em sua bandeira principal. Depois da dispersão, a Brigada Militar reprimiu com bombas de gás um grupo que bloqueou a passagem de veículos.
A presidenta Dilma Rousseff, depois de deixar o Palácio do Alvorada, desembarcou em Porto Alegre. Não houve a esperada cerimônia de recepção dos movimentos populares: o vôo de Dilma foi desviado do aeroporto Salgado Filho para a base aérea de Canoas. A decisão foi da FAB. Ainda assim militantes petistas saudaram Dilma na chegada. O ex-marido dela, Carlos Araújo, a filha Paula e os netos Gabriel e Guilherme vivem na capital gaúcha. Dilma seguiu para a casa da família no bairro Tristeza.
Em Florianópolis o Portal Catarinas estimou o público em 15 mil pessoas. Houve um momento de tensão com a polícia diante do Terminal de Integração do Centro (TICEN). A PM local mobilizou um grande aparato repressivo. De acordo com o portal: “Não acabou. Tem que acabar. Eu quero o fim da polícia militar”, gritam manifestantes reunidos aqui na Beira-Mar. O fim da militarização da polícia é umas das principais pautas dos movimentos sociais.
As estimativas podem variar para cima ou para baixo. O certo é que a repressão pela Polícia Militar ao ato de São Paulo, já na dispersão, se tinha o objetivo de provocar desmobilização do Fora Temer, fracassou.
Em Santa Catarina, onde também houve repressão, o número de manifestantes aumentou. Ativistas do Rede Fora Temer Floripa denunciaram a intimação pela polícia civil local de cinco militantes para depor.
“Um povo que não pode se manifestar sobre o destino político do seu país ou que é recepcionado por operações de guerra por parte da polícia vive num Estado de exceção. Por isso espera-se da Polícia Militar catarinense que trate os manifestantes de hoje com o mesmo respeito que soube tratar os manifestantes pró-impeachment de antes. Polícia é para proteger a cidadania. Para baixar a pancadaria, basta um bando armado e sem comando”, escreveu a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SC a respeito do comportamento da PM local.
O que tem impressionado observadores atentos dos protestos é a grande presença de jovens. Em Belo Horizonte, ao participar do encontro do Levante Popular da Juventude, o ex-presidente Lula se disse triste com o momento político.
“Quem sonhou como a minha geração sonhou, vive uma situação triste agora”, disse Lula. Apesar disso, ele propôs tolerância: “Vamos mostrar que a gente sabe conviver democraticamente. A sociedade justa que a gente quer criar é uma sociedade da tolerância”.
“Eu quero dizer a eles que me perseguem que o problema não sou eu. Já tô velhinho. O problema deles são vocês”, afirmou o ex-presidente diante de 7 mil jovens. O Levante tem tido importante participação nas mobilizações de rua.
Porta-vozes da direita já demonstram preocupação com a possibilidade de efervescência popular.
O blogueiro Altamiro Borges apontou coluna recém escrita pela jornalista Eliane Cantanhêde, perfeitamente identificada com o patronato midiático. Ela notou o início tumultuado do “governo” Temer.
Borges escreveu:
Para a jornalista, típica porta-voz do “deus-mercado”, a única saída do covil golpista é acelerar as reformas neoliberais – como a da Previdência. “Temer precisa rapidamente mostrar força política e uma base aliada coesa. Mas Renan e parte do PMDB não chegam a ser tão confiáveis assim e, vira e mexe, lá está o tucano Aécio advertindo que, se Temer não fizer as reformas, babau o apoio. Num momento como esse, com tantos flancos para o governo que se instala, não é exatamente um gesto camarada, solidário”. Ao final, Eliane Cantanhêde reza pelo sucesso do covil: “Se o governo naufragar, não se salva um, nem PMDB, nem PSDB, nem DEM, nem PPS… O insucesso de Temer seria o insucesso geral. A dúvida é o que, e quem, lucraria com isso. Se é que alguém lucraria”.
A “solução” proposta por Cantanhêde, no entanto, pode ser a gota de veneno que falta para entornar o caldo de Temer. Acelerar as reformas neoliberais pode engrossar os protestos de rua contra um governo já com baixíssima popularidade e diante de uma renitente crise econômica internacional.
Segundo o Ibope, o governo golpista é considerado ruim ou péssimo por 40% dos entrevistados ou mais em 16 capitais brasileiras: 53% em Salvador, 50% em São Luís, 49% em Fortaleza e Teresina, 48% em Recife, 47% em Belo Horizonte, 46% em Maceió, 45% em Aracaju, 44% em Natal, 43% em Florianópolis e Vitória, 42% no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, 41% em São Paulo e Curitiba, 40% em João Pessoa.
Ao analisar a hashtag #foraTemer nas redes sociais, Fabio Malini descobriu que existem 400 páginas no Facebook ativadas por 96 mil pessoas organizando os protestos de rua, além de uma reaglutinação da esquerda em torno do tema.
A pressão sobre Temer nas ruas continuou neste 7 de Setembro. Ele foi recebido com gritos de “Fora Temer” no tradicional desfile de Brasília.
No Grito dos Excluídos, organizado pela Igreja Católica com movimentos sociais, a palavra de ordem é combater um sistema que exclui as pessoas e degrada o meio ambiente. A referência mais ampla é ao capitalismo, mas ativistas pretendem incluir o Fora Temer na pauta, pelo fato de que a retirada de direitos é o objetivo central dos golpistas. “Como a gente vai comemorar o Dia da Independência do Brasil com um golpe em curso?”, perguntou um dirigente da CUT de Pernambuco que organiza o Grito em Recife.
Além disso, há manifestações previstas para várias cidades do Brasil e do mundo. Em São Paulo, haverá protesto às 14 horas na praça da Sé; amanhã, dia 8, 17 horas no largo da Batata. No Rio, haverá manifestação neste dia 7 diante do prédio da TV Globo — que desenvolveu a narrativa da derrubada de Dilma — no Jardim Botânico, a partir das 18 horas.
- no site Vi o Mundo
Milhares de pessoas foram às ruas na noite desta terça-feira 6 de setembro pedir Fora Temer em capitais do Sul do País.
É mais uma demonstração de que a campanha pela derrubada do presidente golpista e impostor se mantém forte.
As manifestações começaram a pipocar espontaneamente na noite do impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
No domingo, 100 mil pessoas marcharam em São Paulo — na estimativa dos organizadores.
O frio não desanimou os curitibanos, que marcharam da Praça 19 de Dezembro até a Boca Maldita. O blog do Esmael estimou em 15 mil pessoas. Houve apenas um incidente: a prisão de um jovem durante o ato mobilizou manifestantes, que foram reprimidos pela PM com gás de pimenta.
Em Porto Alegre, apesar da chuva fina, houve outra manifestação organizada pela Frente de Luta Contra o Golpe, que usa um símbolo da Globo em sua bandeira principal. Depois da dispersão, a Brigada Militar reprimiu com bombas de gás um grupo que bloqueou a passagem de veículos.
A presidenta Dilma Rousseff, depois de deixar o Palácio do Alvorada, desembarcou em Porto Alegre. Não houve a esperada cerimônia de recepção dos movimentos populares: o vôo de Dilma foi desviado do aeroporto Salgado Filho para a base aérea de Canoas. A decisão foi da FAB. Ainda assim militantes petistas saudaram Dilma na chegada. O ex-marido dela, Carlos Araújo, a filha Paula e os netos Gabriel e Guilherme vivem na capital gaúcha. Dilma seguiu para a casa da família no bairro Tristeza.
Em Florianópolis o Portal Catarinas estimou o público em 15 mil pessoas. Houve um momento de tensão com a polícia diante do Terminal de Integração do Centro (TICEN). A PM local mobilizou um grande aparato repressivo. De acordo com o portal: “Não acabou. Tem que acabar. Eu quero o fim da polícia militar”, gritam manifestantes reunidos aqui na Beira-Mar. O fim da militarização da polícia é umas das principais pautas dos movimentos sociais.
As estimativas podem variar para cima ou para baixo. O certo é que a repressão pela Polícia Militar ao ato de São Paulo, já na dispersão, se tinha o objetivo de provocar desmobilização do Fora Temer, fracassou.
Em Santa Catarina, onde também houve repressão, o número de manifestantes aumentou. Ativistas do Rede Fora Temer Floripa denunciaram a intimação pela polícia civil local de cinco militantes para depor.
“Um povo que não pode se manifestar sobre o destino político do seu país ou que é recepcionado por operações de guerra por parte da polícia vive num Estado de exceção. Por isso espera-se da Polícia Militar catarinense que trate os manifestantes de hoje com o mesmo respeito que soube tratar os manifestantes pró-impeachment de antes. Polícia é para proteger a cidadania. Para baixar a pancadaria, basta um bando armado e sem comando”, escreveu a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SC a respeito do comportamento da PM local.
O que tem impressionado observadores atentos dos protestos é a grande presença de jovens. Em Belo Horizonte, ao participar do encontro do Levante Popular da Juventude, o ex-presidente Lula se disse triste com o momento político.
“Quem sonhou como a minha geração sonhou, vive uma situação triste agora”, disse Lula. Apesar disso, ele propôs tolerância: “Vamos mostrar que a gente sabe conviver democraticamente. A sociedade justa que a gente quer criar é uma sociedade da tolerância”.
“Eu quero dizer a eles que me perseguem que o problema não sou eu. Já tô velhinho. O problema deles são vocês”, afirmou o ex-presidente diante de 7 mil jovens. O Levante tem tido importante participação nas mobilizações de rua.
Porta-vozes da direita já demonstram preocupação com a possibilidade de efervescência popular.
O blogueiro Altamiro Borges apontou coluna recém escrita pela jornalista Eliane Cantanhêde, perfeitamente identificada com o patronato midiático. Ela notou o início tumultuado do “governo” Temer.
Borges escreveu:
Para a jornalista, típica porta-voz do “deus-mercado”, a única saída do covil golpista é acelerar as reformas neoliberais – como a da Previdência. “Temer precisa rapidamente mostrar força política e uma base aliada coesa. Mas Renan e parte do PMDB não chegam a ser tão confiáveis assim e, vira e mexe, lá está o tucano Aécio advertindo que, se Temer não fizer as reformas, babau o apoio. Num momento como esse, com tantos flancos para o governo que se instala, não é exatamente um gesto camarada, solidário”. Ao final, Eliane Cantanhêde reza pelo sucesso do covil: “Se o governo naufragar, não se salva um, nem PMDB, nem PSDB, nem DEM, nem PPS… O insucesso de Temer seria o insucesso geral. A dúvida é o que, e quem, lucraria com isso. Se é que alguém lucraria”.
A “solução” proposta por Cantanhêde, no entanto, pode ser a gota de veneno que falta para entornar o caldo de Temer. Acelerar as reformas neoliberais pode engrossar os protestos de rua contra um governo já com baixíssima popularidade e diante de uma renitente crise econômica internacional.
Segundo o Ibope, o governo golpista é considerado ruim ou péssimo por 40% dos entrevistados ou mais em 16 capitais brasileiras: 53% em Salvador, 50% em São Luís, 49% em Fortaleza e Teresina, 48% em Recife, 47% em Belo Horizonte, 46% em Maceió, 45% em Aracaju, 44% em Natal, 43% em Florianópolis e Vitória, 42% no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, 41% em São Paulo e Curitiba, 40% em João Pessoa.
Ao analisar a hashtag #foraTemer nas redes sociais, Fabio Malini descobriu que existem 400 páginas no Facebook ativadas por 96 mil pessoas organizando os protestos de rua, além de uma reaglutinação da esquerda em torno do tema.
A pressão sobre Temer nas ruas continuou neste 7 de Setembro. Ele foi recebido com gritos de “Fora Temer” no tradicional desfile de Brasília.
No Grito dos Excluídos, organizado pela Igreja Católica com movimentos sociais, a palavra de ordem é combater um sistema que exclui as pessoas e degrada o meio ambiente. A referência mais ampla é ao capitalismo, mas ativistas pretendem incluir o Fora Temer na pauta, pelo fato de que a retirada de direitos é o objetivo central dos golpistas. “Como a gente vai comemorar o Dia da Independência do Brasil com um golpe em curso?”, perguntou um dirigente da CUT de Pernambuco que organiza o Grito em Recife.
Além disso, há manifestações previstas para várias cidades do Brasil e do mundo. Em São Paulo, haverá protesto às 14 horas na praça da Sé; amanhã, dia 8, 17 horas no largo da Batata. No Rio, haverá manifestação neste dia 7 diante do prédio da TV Globo — que desenvolveu a narrativa da derrubada de Dilma — no Jardim Botânico, a partir das 18 horas.
- no site Vi o Mundo
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